Facebook-icon  Twitter-icon

 

Estrela inativaEstrela inativaEstrela inativaEstrela inativaEstrela inativa
 

Smartphones e redes sociais podem induzir a mais problemas para faixas etárias mais baixas; 62% dos brasileiros de 18 a 24 anos se declaram ‘angustiados’

 A saúde mental dos jovens ao redor do mundo vem se deteriorando há mais de uma década. O uso excessivo de smartphones e redes sociais é considerado uma possível razão, de acordo com dados de um estudo do National Bureau of Economic Research (NBER), coletados por três pesquisadores do Reino Unido. Os resultados indicam que alguns problemas de saúde mental, como angústia, estão ligados a um maior tempo de tela.

No Brasil, o estudo indica que 61,8% dos jovens entre 18 e 24 anos admitem sentir-se angustiados e com dificuldades. Por outro lado, o segmento da população que menos sofre com problemas de saúde mental está entre as idades de 75 e 84 anos. Segundo a pesquisa, apenas 10,5% dos idosos afirmam sentir-se angustiados e com dificuldades. De acordo com os autores do estudo, essa diferença entre os dois grupos etários mostra que o padrão de bem-estar mudou.

“Os jovens estão enfrentando a angústia ou lutando contra doenças mentais em todo o mundo. O padrão é o mesmo em todos os lugares”, diz Alex Bryson, professor de ciências sociais quantitativas da University College London (UCL) e coautor do estudo com os pesquisadores David Blanchflower e Xiaowei Xu.

Bryson relata que os jovens de 34 países vêm sofrendo mais com problemas de ansiedade, depressão, angústia e medo há uma década e meia, período que coincide com a disseminação de smartphones e redes sociais.

Em toda a população, 30% dos brasileiros apresentam problemas como angústia e luta contra doenças mentais, enquanto na Argentina, que enfrenta um longo período de crise econômica, esse percentual está em 19%. Para o pesquisador, dadas as circunstâncias econômicas no país vizinho, é algo “realmente interessante”.

“Mas você também tem outros países na América com pontuações maiores do que o Brasil. Olhe para a Colômbia, por exemplo, 32,4%, no México está em 32,3% e há ainda outros países com percentuais elevados”, destaca.

A Venezuela, que passa por uma crise econômica e social ainda mais aprofundada que a Argentina, é o país com o menor índice de angustiados e lutando contra problemas de saúde mental: 17,5%, seguida por Chile, com 18% e a Argentina, com 19%.

“Alguns países estão em posição pior do que outros e queremos tentar entender. Isso não era visto há 10 ou 15 anos. Antes eram os mais velhos que enfrentavam problemas com depressão, agora, são os jovens. As redes sociais têm impacto nisso”, revela Bryson.

Há um conjunto crescente de evidências que sugerem que o aumento do mal-estar dos jovens está associado ao aumento do uso da internet e dos smartphones. Segundo Bryson, isso é observado principalmente nos Estados Unidos e no Reino Unido.

Ele afirma que é difícil cravar que a relação entre redes sociais e a piora da saúde mental de jovens seja a causa, mas afirma que certamente é algo que precisa ser examinado mais a fundo.

Há ainda, segundo o professor da UCL, uma relação do uso dos celulares com a pandemia, pois as pessoas começaram a ficar mais tempo em casa. “Para o jovem que ficou fora da escola, o impacto não foi só na educação, mas também socioemocional”, aponta.

Para Rodrigo Bressan, presidente do Instituto Ame Sua Mente, a função da escola é de civilizar e preparar os jovens para a vida na sociedade. “Para o garoto de 14 anos muda tudo e na hora que ele não é educado pela instituição escola nessa fase da vida, alguns não terão problemas, mas muito passam a ter”, diz.

Segundo ele, 25% a 30% da população mundial desenvolverá um transtorno mental, sendo 75% antes dos 24 anos e 50% antes dos 14. Para os mais novos, isso tem ligação clara com o uso sem moderação de redes sociais e pode afetar a forma em como eles lidam com críticas, frustrações e problemas.

“Todas as mídias sociais são máquinas de viciar, porque tem que fazer você ficar mais tempo ali dentro. A tecnologia para viciar é sofisticadíssima, igual à indústria do tabaco. Tem um monte de cientista e neurocientista, fazendo você entender que você precisa daquilo. Ninguém mais espera, todo mundo só vê celular e isso muda o funcionamento, é um impacto cerebral”, descreve.

A pesquisa entrevistou 48.249 pessoas no Brasil, de acordo com os responsáveis pelo estudo. As informações são do jornal Valor Econômico.

 
observarh2
 
 
Observatório da Saúde Indígena
 
Saúde LGBT
 
oiapss2
 
Educação, Equidade e Saúde
 
Estudos Comparados
 
Rede de Observatórios em Saúde e Equidade
 

Notícias