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Estudos reforçam que depressão e transtornos mentais comuns afetam diferentes grupos de trabalhadores

A prevalência de transtornos mentais comuns (TMC) associados ao trabalho tem sido foco de diversos estudos dado o aumento de sua ocorrência nos últimos anos. Destaca-se a depressão, um dos problemas mais graves de saúde pública no mundo e responsável por elevados custos emocionais e econômicos. No Brasil, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) mostra aumento de 34,2% entre os anos de 2013 e 2019.

O artigo de pesquisa Efeitos combinados de gênero, raça e estressores ocupacionais na saúde mental aponta que trabalhadoras negras em exposição a estressores ocupacionais apresentam três vez mais transtornos mentais comuns em situação de desequilíbrio esforço-recompensa (DER) quando comparadas ao grupo controle (homens brancos em situação de equilíbrio).

O estudo transversal analisou efeitos isolados e combinados dos fatores de exposição mulheres, negros e pessoas em situações de exposição aos estressores laborais em amostra aleatória de trabalhadores(as) de saúde dos serviços públicos da atenção básica e de média complexidade (Upas e serviços especializados) de seis municípios baianos.

Os resultados reforçam que trabalhadoras negras têm mais desvantagens sociais e são mais suscetíveis a ocupações de maior esforço e menor recompensa (posições de trabalho menos valorizadas, menor remuneração, maior exposição a estressores), indo ao encontro de resultados documentados na literatura.

Os autores salientam que esses fatores tanto estabelecem oportunidades sociais de inserção desses profissionais no mercado de trabalho, como também impactam nas características da atividade laboral. Como consequência, determinam a quais estressores ocupacionais e adoecimentos físicos e mentais grupos específicos de trabalhadores estão mais expostos, podendo produzir ou agravar problemas de saúde.

“A maior prevalência de TMC entre os(as) negros(as) pode estar associada ao racismo estrutural característico da nossa sociedade e das instituições de saúde”, observam.

Mesmo diante de algumas limitações, como o pequeno tamanho da amostra e alguns vieses característicos de estudos transversais, o artigo explora uma lacuna nas pesquisas envolvendo desequilíbrio esforço-recompensa e transtornos mentais comuns. Destaca também a necessidade de ampliar as discussões com mais estudos que contemplem outros fatores associados importantes ao adoecimento mental, como, por exemplo, incorporando a dimensão de classe social às análises.

Saúde mental no serviço público

O artigo de pesquisa Associação entre sintomas depressivos e inatividade física em trabalhadores técnico-administrativos de uma universidade pública do Nordeste do Brasil: estudo transversal sugere que, no trabalho, o transtorno psíquico pode estar diretamente relacionado à gestão organizacional somada a outros aspectos, como, por exemplo, falta de reconhecimento, carga de trabalho excessiva, precarização das estruturas físicas, má adaptação às rotinas e funções, entre outros.

Com uma amostra de 301 servidores técnico-administrativos de uma universidade pública do Nordeste do Brasil, o estudo epidemiológico analítico associa sintomas depressivos e inatividade física e considera também a presença de doenças crônicas concomitantes e limitações físicas. No tocante a atividades físicas, observa a proposta da OMS de que sua prática regular auxilia no tratamento de depressão ao proporcionar alívio do estresse e das tensões, constituindo fator de proteção, promoção e recuperação da saúde física, psíquica e cognitiva,

Os resultados são similares a outros estudos, embora escassos, e mostram que os fatores analisados estão relacionados quando da presença de duas principais variantes: tempo de trabalho e lotação do servidor. “O resultado obtido pode ser relativamente explicado pelo fato de que as funções exercidas por estes [servidores] são marcadas pela pressão por cumprimento de metas, prazos, normas, regimentos institucionais rígidos e resultados de produção”, observam os autores.

A pesquisa sugere a necessidade de que novos estudos investiguem outras variáveis intrínsecas e extrínsecas associadas a sintomas depressivos e inatividade física no serviço público, como, por exemplo, intensas jornadas de trabalho, tarefas repetitivas e sua distribuição.

Também traz contribuições para que outras pesquisas se debrucem sobre a padronização de métodos de avaliação da exposição à depressão e de suas repercussões sobre a qualidade de vida e de trabalho dos servidores públicos.

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