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Por Mabel Dias, jornalista, mestra em Comunicação pela UFPB

Não é de hoje que tento pautar a mídia sobre o desmonte que a Prefeitura Municipal de João Pessoa está fazendo com os serviços de saúde mental na cidade. Mas, inacreditavelmente, não há nenhuma divulgação a respeito dessa situação, que pode ser caracterizada como uma violação de direitos, e que está prejudicando as pessoas que sofrem de transtornos mentais na capital.

A jornalista Renata Maia publicou em seu instagram um vídeo, falando da falta de psiquiatra no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Gutemberg Botelho, que fica no bairro dos Estados. Renata tinha uma consulta agendada para sua psiquiatra e ao chegar no serviço foi informada que a médica não prestava mais atendimento no Gutemberg. “Estou perdida, sem saber o que fazer”, disse a jornalista. A falta de médicos para atender as usuárias e usuários dos serviços de saúde mental em João Pessoa é apenas um dos problemas existentes na rede.

O Brasil de Fato Paraíba publicou em agosto de 2023 uma reportagem sobre o desmonte da política de saúde mental que está sendo feita em João Pessoa. “Perseguições, desligamentos de funcionários, precarização das estruturas, descaracterização do objetivo dos centros de atenção (CAPS), fechamento de serviços em residências terapêuticas, superlotação, má conduta com usuários da rede e atrasos na entrega de obras.” Esses são os principais problemas que a prefeitura tem causado àqueles e àquelas que precisam destes serviços, como bem ilustrou a reportagem de Polyanna Gomes.

: Coletivos de entidades em defesa da Rede de Atenção Psicossocial denunciam desmonte na Saúde Mental de João Pessoa :

Passados quase um ano que a reportagem foi feita, a situação só piora. E a mídia hegemônica faz cara de paisagem para tudo isso! Em setembro de 2023, a Defensoria Pública realizou uma audiência pública sobre a saúde mental da Capital. O coordenador do Departamento de Saúde Mental do Ministério da Saúde, João Mendes, e a integrante da comissão de Saúde Mental do Conselho Nacional de Saúde, Shirlene Queiroz, participaram da audiência, que não teve nenhuma divulgação por parte da mídia local.

Infelizmente, a grande mídia paraibana (sites, rádio e TVs) não tem visibilizado isso, e para a população em geral parece que está tudo bem, e quem precisa dos serviços fica à mercê da boa vontade dos gestores municipais, que parecem não se importar. Mas, por que isto está acontecendo? Por que a mídia paraibana não tem divulgado a precarização dos serviços de saúde mental em João Pessoa? Quando pautam, “buscam ouvir os dois lados da história”, como se a questão da objetividade jornalística solucionasse a questão. Ouvir as falas ensaiadas dos gestores, que dizem estar “trabalhando para resolver a situação e que tudo está normalizado” não é a resposta que a população, principalmente os usuários e as usuárias dos serviços de saúde mental querem ouvir, porque estas falas não refletem a realidade.

É preciso expor, como fez o Brasil de Fato Paraíba, o que está por trás do desmonte da política de saúde mental em João Pessoa e atuar, jornalisticamente para o interesse público, fazendo com que a gestão aplique corretamente os recursos que recebem para a saúde mental na Capital, prestando um serviço público de saúde de qualidade, como preconiza a Constituição Federal. O que está acontecendo é muito grave e a mídia não pode ser cúmplice desta violação de direitos.

*Mabel Dias é jornalista, mestra em Comunicação pela UFPB, feminista, doutoranda em Comunicação pela UFPE, observadora credenciada do Observatório Paraibano de Jornalismo, integrante do Coletivo Intervozes, coordenadora adjunta do Fórum Interinstitucional pelo Direito à Comunicação e autora do livro “A desinformação e a violação aos direitos humanos das mulheres: um estudo de caso do programa Alerta Nacional.”

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