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Projeto ADÔ

O projeto ADÔ articula extensão universitária e pesquisa, envolvendo jovens em cumprimento de medidas socioeducativas, constando de três procedimentos principais: Oficinas de musicalização no estilo Hip Hop, por meio das quais os adolescentes compõem e apresentam as letras inspiradas em suas experiências; Oficinas de teatro que utilizam as técnicas do Teatro do Oprimido tal como descritas por Augusto Boal, em numa perspectiva de desenvolvimento social e inclusivo; e coleta de narrativas biográficas dos adolescentes por meio do método de Kofes, o qual possibilita compreender as subjetividades, as implicações físicas e emocionais referentes às trajetórias desses jovens e, sobretudo permite um entendimento dos seus contextos sociais. Na primeira e segunda fases do projeto, ele foi aplicado duas vezes na Unidade de Internação de Brazlândia e uma vez nas Unidades de internação Socioeducativa de Planaltina (UIP) e de São Sebastião (UISS).

Em seus diferentes meses de execução, o projeto promoveu reflexões e gerou dados de pesquisa sobre as perspectivas dos adolescentes no que tange a quatro eixos fundamentais que permeiam suas trajetórias: as narrativas de vida que constroem suas identidades, as questões relacionadas à sexualidade e construção de masculinidades, o uso de substâncias psicoativas em seus contextos sociais, e as possibilidades de construção de uma cultura de paz em suas experiências cotidianas, com vistas à promoção da saúde. Esta abordagem multidimensional permitiu uma compreensão complexa e nuançada das realidades vivenciadas por estes jovens, superando visões fragmentadas ou estigmatizantes comumente associadas ao sistema socioeducativo. O projeto teve coordenação do Prof. Cláudio Lorenzo, também coordenador do Núcleo de Estudos em Saúde Pública (NESP) em parceria com a FIOCRUZ-DF, e financiado por emenda parlamentar da Deputada Federal Érika Kokay.

Em julho de 2025 juntou-se a esta parceria a Escola Distrital de Socioeducação do DF para realização do Seminário “A socioeducação em diálogo: juventudes, arte e práticas de liberdade”.  O seminário contou com a participação ativa de pesquisadores da Universidade de Brasília e de servidores e servidoras em todas as instâncias do sistema socioeducativo, proporcionando um diálogo interdisciplinar essencial para o aprimoramento das políticas públicas voltadas à socioeducação. O evento foi estruturado como um espaço de reflexão e ação, reunindo academia, gestores públicos, profissionais da área e representantes do sistema socioeducativo para pensar coletivamente estratégias de aperfeiçoamento das políticas públicas direcionadas aos jovens em cumprimento de medidas socioeducativas.

A partir de seus resultados, o projeto já gerou um capítulo de livro a sair pela EDUFMA sobre Arte-pesquisa e Arte-Educação, e tem dois artigos científicos em fase final de elaboração, que descrevem os resultados obtidos e trazem contribuições para pensar transformações necessárias dos processos socioeducativos e necessidade de novas políticas para a área.

No momento, o NESP está em fase de captação de recursos para a terceira fase do projeto que pretende envolver os adolescentes cumprindo medidas socioeducativas em regime de semi-liberdade.